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quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

O problema da tecnologia no RPG - Parte 2

Neste artigo falo de gerenciadores de combate no D&D e do uso de miniaturas e mapas virtuais no lugar de suas versões reais.

Eu já havia prometido, no primeiro artigo sobre isso, escrever algo sobre como usar o computador para substituir miniaturas, mapas e matrizes de combate numa sessão presencial, não on-line. No entanto, eu poderia até fazer isso agora, mas prefiro não fazê-lo. Por quê? Bom, não acredito que seja um bom conselho. E não digo isso com base em "achismo". Eu realmente tentei rodar todas as minhas sessões usando os recursos de que disponho para substituir as miniaturas e marcadores exigidos pela lógica da 4ª edição. Cheguei a mestrar uma oito sessões desse jeito tecnológico: laptop na mesa, monitor separado para os jogadores e o Map Tool rodando em duas instâncias: uma para mim e outra para os jogadores. Eu já tinha baixado da Internet também vários tokens muito bons, alguns dos quais tratei de dar um acabamento (usando o Fireworks) para se assemelharem mais à miniaturas. Tudo estava virtual: mapas, miniaturas, e até algumas magias que eu tinha elaborado visualmente (com área pronta e até efeitos visuais) para colocar na tela, na hora em que fossem usadas. Dessa experiência listo, abaixo, algumas vantagens e desvantagens:

Vantagens
  • Se você não tiver miniaturas, o Map Tool é um substituto razoável.
  • Você não precisa comprar nenhuma miniatura, nem mapas.
  • Você tem possibilidade de ter uma uma experiência visual mais rica.
  • O Map Tool é gratuito e permite que você calcule áreas de magias e tudo o mais com exatidão.
  • O Map Tool gerencia até a iniciativa e as condições dos tokens (miniaturas/marcadores virtuais).
Desvantagens
  • Para jogar, você precisa de energia elétrica.
  • Você não deve preocupar-se com cabos de energia passeando pela sua mesa.
  • O laptop esquenta o ambiente e ocupa muito espaço na mesa, impedindo um contato mais social com seus jogadores.
  • O Mestre precisa movimentar todos os tokens durante um combate e manipular todas as ferramentas necessárias do Map Tool durante o jogo. Parece que você está mais trabalhando do que se divertindo. E o contato com seus jogadores fica ainda pior.
Quando eu decidi usar apenas papel e livros na mesa as coisas ficaram bem mais tranquilas para mim; e o jogo foi bem mais divertido. Em alguns combates eu nem usava matriz de combate e rodava o encontro apenas na imaginação, usando o velho poder da mente. Mas aos poucos eu fui introduzindo as miniaturas para agilizar e embelezar um pouco as coisas. Comprei umas bonitinhas e o controle delas já não era de minha responsabilidade. Os jogadores, claro, é que mexiam nelas.

O contato com os jogadores ficou mais próximo, algo essencial num jogo de RPG. Além disso, eu também andei testando alguns softwares de gerenciamento de combate como o DnD4e Combat Manager e o Dungeon Master Battle Screen, os quais ainda não usei numa sessão. Eles controlam a iniciativa, os pontos de vida de todo mundo e não deixa você esquecer de aplicar o dano contínuo ou que aquele personagem ainda está pasmo. Ainda tem um simulador de dados. No entanto, apresenta todos aqueles problemas de ficar clicando em pequenos nomes de listas de menus do software durante uma partida de RPG. Eu acho muito irritante E digo isso por experiência própria. Além disso, no lugar de um clique no gerador de números aleatórios, todo mundo sabe que é mil vezes mais divertido jogar aquele D20 favorito, daquele jeito secreto; e ver, depois de instantes de suspense, o 20 surgir (ou não!). Abro uma exceção caso você jogue com mais de seis jogadores. É mesmo difícild lembrar dos efeitos e detalhes do combate.

Algumas pessoas acreditam que a tecnologia melhora tudo. Mas, infelizmente, apenas a tecnologia adequada é que melhora tudo. Parece que a tecnologia adequada para um RPG ainda são os papéis, os lápis e os livros, com a ajuda de asessórios mais "reais" como miniaturas de metal ou plástico e mapas de papel de verdade. Ainda não adentrei muito nisso, mas deve ter a ver com a interação maior que você tem com o que está acontecendo no jogo. Você toca, de fato, na miniatura (não no mouse). O mapa está ali mesmo (não uma mera imagem numa tela). É você que conta os quadrados da matriz (não o Map Tool). Sinceramente, o computador deixa essas coisas mais lentas, maximizando a demora natural dos combates da 4ª edição. Sem computador você não precisa se demorar clicando nas opções de um menu de software para lembrar daqueles efeitos ainda ativos desde a rodada passada. Às vezes nem precisa anotar isso. Caso não lembre às vezes, não tem problema, errar é humano. Normalíssimo. Aposto que isso vai estragar seu jogo menos do que os incômodos que o computador pode lhe trazer.

Se você colocar tudo num software, você perde tempo e paciência fazendo cliques precisos e irritantes com seu mouse quando pode muito bem colocar essas informações na sua própria mente e na de seus jogadores, o que faz com que você e eles se envolvam mais nas coisas que estão acontecendo na partida. Muito da graça da 4ª edição é o raciocínio estratégico. Não deixe isso para o computador. Você estará perdendo muito do tipo de diversão desse jogo.

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