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segunda-feira, 15 de novembro de 2010

D&D Old school e new school

Nos últimos dias, ando com um conflito na minha mente sempre que penso a respeito da qualidade da 4ª edição de D&D como um jogo de RPG, o que me anda me levando a pensar seriamente num retorno às edições mais antigas. Isso ocorreu porque, depois que comprei algumas miniaturas e fiz uma matriz de combate satisfatória (de papel mesmo), joguei e gostei do jeito 4ª edição de ser. Ou seja, mesmo usando miniaturas, o jogo correu bem. Foi divertido. Mas ainda assim demonstrou limitações.

Bom, foi divertido sim, mas acredito que foi apenas porque eu já tinha desenhado, numa matriz de combate, o cenário dos combates, o que agilizou muito o jogo. Eu só peguei o papel e coloquei na mesa: pronto! Imagine se eles fossem lutar num lugar no qual eu não tinha desenhado ou planejado previamente. Nós ficaríamos entediados enquanto eu improvisava um lugar e desenhava o cenário na matriz de combate, com todos os detalhes relevantes, terrenos acidentados etc. Mas o pior é que corríamos o risco de que, após esse tempo perdido desenhando o cenário, não houvesse combate algum!!! No meu grupo há jogadores experientes que conseguem ver a lógica além da mecânica das regras e que surpreende aqueles que se limitam pela lógica da 4ª edição. Afinal, eu os chamei para jogar RPG e não um wargame. Logo, eles agirão como tal: jogando RPG e não se importando muito em decorar todos os poderes e combinações de poderes que seus personagens podem fazer.

Então, percebi que o estilo de jogo de meus jogadores não combina muito com o “xadrez” da 4ª edição, por mais que a estratégia seja... ou melhor, possa ser divertida, já que diversão condicionada à uma matriz de combate pré-desenhada é algo incerto. Bom, o fato é que existem jogadores entusiasmados com a 4ª edição, mas minha experiência me faz acreditar que seja mais por causa da estratégia do que pela qualidade do jogo como um RPG de fato. Outro dia conversei com um desses entusiastas da 4ª edição e percebi que seu discurso só enaltecia a maximização dos ataques, dos danos, a combinação de poderes, “buildings” etc. Ficou claro para mim que esse jogador gostava muito da 4ª edição, mas não de RPG.

Apesar de na 4ª edição existir um mecanismo para improvisar situações de combate, as regras limitam muito as opções de ação dos personagens, como num xadrez mesmo. O cavalo só anda em L, o bispo só anda nas diagonais e os personagens só fazem o que ditam seus poderes. Em suma, é algo que representa pouco a lógica de um mundo real. Por mais que seja um mundo de fantasia, num RPG os jogadores usam o mundo real como base natural para elaborarem suas ações de combate e demais decisões, o que é, definitivamente, desencorajado na 4ª edição.

Por outro lado, a inexistência de várias opções de ação e poderes nas versões mais antigas de D&D também limitam os jogadores. Isso mesmo. Como não é mostrado a possibilidade de os personagens fazerem façanhas, várias proezas, deslocarem seus inimigos, interromper os ataques dos monstros contra seus aliados etc, a imaginação dos jogadores não vai muito além das jogadas simples de ataque e magia. Essa realidade é esquecida por aqueles que vangloriam o estilo old school: ele dá mais liberdade para a imaginação, mas não dá subsídios para libertá-las de suas próprias limitações. “Menos regras, mais imaginação”, é o que os entusiastas old school dizem. Mas a imaginação tem que ser estimulada.

RESOLVENDO
Mas essas limitações à imaginação e á criatividade são de fácil resolução em ambos os casos: tanto nos jogos antigos quanto nos novos. Nos antigos, basta que a imaginação seja instigada e o mestre colaborar com isso. E essa instigação pode ter como fonte os próprios jogos novos, os quais apresentam várias opções de ação. No caso dos jogos novos, as opções já são muitas - mas não custa instigar ainda mais as opções - mas é preciso libertar-se da limitação que as regras parecem impor. É preciso deixar as regras secundárias e valorizar a imersão e o que está acontecendo no mundo de jogo.

Dessa forma, usamos o melhor de duas épocas para o bem da diversão.

4 comentários:

  1. É nestor problemas e mais problemas não ?

    Vou te falar o que acontece...

    Eu jogo RPG faz 17 anos começando com Dungeoneer e passando por varios sistemas.

    Esse amigo ai que ficou falando só de regras e tra la la la é por que provavelmente ele é um tipo de jogador que já vem desde o D&D 3e... só focado em regras para ser o fodão da mesa e não quer saber de desenvolver o personagem em outras areas como interpretação, historico, motivações e etc.

    Outro problema é aquelas pessoas que vão na conversa de outra pessoa, eles escutam alguem sentando a pua no sistema e agregam o que tal individuo falou e não procura conhecer o sistema.
    Como eu sempre digo não existem sistema ruim e sim mestres e jogadores ruins.

    Outro problema é que o pessoal não esta conseguindo interpretar tal regra ou mecânica mesmo lendo os livros e deixando de ver aquele poder ou regra com o Old School.

    Quer mais um ?
    Ninguem percebeu que o D&D deixou de ser aquela coisa medieval feudal de nosso mundo com elementos fantasticos e foi elevado extremamente a Fantasia Medieval ( O que era pra ser desde o inicio )como era pra ser desde o D&D1e.

    Ou seja 90% das criticas sobre o D&D4e são Trollagens por que a nova geração de RPGistas brasileiros estão se tornando Trolls ou são Fã-boys de um unico sistema e não aceita coisas novas.

    Em questão dos mapas eu fiz Dungeons Tiles caseiro e nao tenho problemas de cenarios de combate tanto para masmorras ou campos abertos.
    Enquanto as minis os mascadores de papel são exelentes substitutos, tenho muitos que veio nas caixas de D&D como a Dragon Quest e as 4 caixas de D&D e na internet tem aos montes para baixar.

    Sem mais delongas eu digo que o D&D4e é um otimo sistema, claro com algumas resalvas (pois não existe sistema perfeito), Mas que recomendo a tentar colocar Old School nele que fica show de bola.

    Eu sou o Spider o seu amigo se sempre !!!

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  2. Eu concordo, Spider. D&D 4 trás o melhor sistema focado em combate que já vi num RPG. É muito divertido mesmo. Só que tem aquelas velhas resalvas.

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  3. Essas discussões sobre o 4e já deram muito o que falar... Agora estamos na vibe do Essentials. Ou seja, mais críticas, pessoas deixam de jogar e ainda tentam manipular informações para que outros jogadores, incluindo novatos, também não joguem determinada versão. Acredito que cada caso deve ser analisado de forma diferenciada. Eu por exemplo, estou mestrando D&D 4e para um grupo de jogadores novatos e pretendo começar em 2011 uma série de aventuras par ao GURPS 4e.

    Sem mais, gostei do blog e espero que mais e mais idéias apareçam por aqui.

    Abs.

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  4. "Outro dia conversei com um desses entusiastas da 4ª edição e percebi que seu discurso só enaltecia a maximização dos ataques, dos danos, a combinação de poderes, “buildings” etc. Ficou claro para mim que esse jogador gostava muito da 4ª edição, mas não de RPG."

    Esse jogador aí está no sistema errado, pois o que ele mais quer fazer é desencorajadado em D&D 4ª Ed.
    Quer ser combeiro e super poderoso, jogue D&D 3.5 ou Pathfinder., aí você estará sendo um super-herói medieval.
    D&D 3.5 você é Os Jovens Titãs;
    Pathfinder você é da Liga da Justiça.
    Pode combar a vontade e se divirtirá de montão se o foco de sua diversão é overpowerismo.
    Já em D&D 4ª edição, overpowerismo é bem complicado esse jogador querer ser.

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