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sábado, 3 de março de 2012

Ataques de oportunidade e Realismo


Num determinado ponto de uma conversa nerdística no açaí da Chiquita Bacana, conversávamos eu, Julio e Rummenigge sobre o passado e o futuro do D&D. Numa hora eu comecei a questionar os motivos que levaram ao surgimento das edições mais novas do jogo, especialmente a passagem dos tempos da TSR para a Wizards. Lembro-me muito bem que gostei da transição. Quando pude, comprei os livros básicos. Só uma coisa não me agradou nos novos tempos da Wizards: ataques de oportunidade. Falar sobre isso é relevante pois é algo que permaneceu na 4ª edição e provavelmente continuará na próxima: o conhecido D&D Next ou, popularmente, como a iminente 5ª edição.

As pessoas que jogaram os D&D´s da Wizards acham natural a questão do posicionamento tático e os ataques de oportunidade em relação à pessoas que saem da área ameaçada com um movimento maior que 1,5m. Muitos acreditam que, para se utilizar dessa regra é necessário um grid de combate e miniaturas ou marcadores. Elas têm razão. Usar um grid é essencial para se saber se, durante um movimento de retirada, um monstro levará ataques de oportunidade de outros personagens. Onde cada um está?

O problema é que os ataques de oportunidade da forma que o D&D vem adotando não representa a forma como eu penso que um combate real ocorreria. As regras da Wizards sobre isso assumem que todos os personagens estão prestando atenção em todos os movimentos de todos os envolvidos num combate. No AD&D isso era diferente, mas não por não existir ataques de oportunidade em suas regras, mas por adotar regras que consideram a direção para onde os personagens estão voltados. É verdade que, a princípio, essas regras não se excluem, mas se é mais realista considerar que os combatentes possuem frente, flancos e costas, os ataques de oportunidade não deveriam ser conforme as regras atuais.

Por exemplo, imagine-se lutando sozinho contra dois drows armados cada um com duas lâminas. O que você acha que aconteceria com você se um terceiro drow passasse correndo pelas suas costas e você voltasse sua atenção para ataca-lo? Provavelmente, desviar sua atenção dos dois primeiros drows para atacar o terceiro não seria algo muito prudente. Dentro dessa argumentação, você também levaria ataques de oportunidade dos dois drows!

Num combate realista as pessoas não tem informação completa do campo de batalha e elas tendem a se preocupar com ameaças mais imediatas. Alguém poderia contra-argumentar afirmando que os aventureiros seriam pessoas treinadas e habilidosas o suficiente para fazer um ataque de oportunidade diante de dois drows sem desconcentrar-se de seus ataques mortais. Ora, mas os drows também não seriam habilidosos o suficiente para se aproveitar da menor desconcentração de um adversário?

Isso me leva a considerar que os ataques de oportunidade podem ser realizados de forma diferente na 4ª edição para serem mais realistas e menos gamistas. Não sugiro considerar algo tão detalhado quanto determinar para que direção cada personagem está voltado. Basta considerar ataques de oportunidades apenas de e para os adversários mais imediatos de cada personagem durante a luta.

Em outro post eu já havia dado sugestões semelhantes ao se tentar jogar a 4ª edição sem grid de combate, mas a dica deste post não exclui o uso de grid. Ao mesmo tempo, ela facilita um jogo sem grid pois se o que importa é com quem cada um está lutando, o posicionamento exato se torna irrelevante, podendo ser facilmente substituído por declarações.

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